Boston: Três explosões causam duas mortes e mais de 100 feridos

por Betho Flávio
 

  G1

Explosões deixam mortos e feridos na chegada da Maratona de Boston

Incidente ocorreu próximo à linha de chegada da tradicional corrida de rua.

Há 2 mortos e pelo menos 23 feridos; NY e Washington estão em alerta.


  • Foto mostra fumaça momentos depois de uma das explosões na linha de chegada da Maratona de Boston. (Foto: David L. Ryan/The Boston Globe via Getty Images)Foto mostra fumaça momentos depois de uma das explosões na linha de chegada da Maratona de Boston. (Foto: David L. Ryan/The Boston Globe via Getty Images)

     

    Duas fortes explosões deixaram mortos e feridos na chegada da Maratona deBoston, nos EUA, nesta segunda-feira (15).

    A polícia de Boston confirmou dois mortos e 23 feridos, mas disse que esse número pode aumentar.

    O Hospital Geral de Massachusetts estava tratando 19 pessoas. O estado da saúde delas não foi divulgado. O “Boston Globe” afirmou que há mais de 100 pessoas sendo tratadas em hospitais locais.

    Ainda não se sabia o que teria causado as explosões, que geraram uma cena de caos na cidade, com feridos e escombros pela rua e movimento de paramédicos.

    Por precaução, a agência de aviação civil dos EUA fechou o espaço aéreo sobre a região de Boston.

    Fontes policiais de alto nível ouvidas pela Reuters afirmaram que se tratou de “uma ou mais bombas”, e de que houve “muitas mortes”.

  • O incidente ocorreu no momento em que milhares de corredores terminavam a 117ª edicão da maratona, considerada a mais antiga do mundo, disputada desde 1897.

    Muitas pessoas estavam no local, em clima festivo, esperando pela chegada dos corredores.

    Uma rádio local informou que a primeira explosão ocorreu perto de uma loja de equipamentos esportivos e a outra próximo a uma arquibancada.

    Segunda a TV CBS, as duas explosões foram quase simultâneas.

    Elas teriam ocorrido por volta das 14h45 locais (15h45 de Brasília), na Boylston Street, altura do número 673, de acordo com uma repórter da WBZ-TV.

    Testemunhas falam ter visto feridos graves, com membros amputados, e muito sangue.

    arte - mapa explosão boston - v3 (Foto: Arte/G1)

    A prova deste ano era disputada por pelo menos 131 corredores brasileiros. O Itamaraty afirmou que não há registro de vítimas brasileiras.

    Um porta-voz do evento disse a jornalistas que o hotel que serve como sede da maratona foi bloqueado após a explosão e que ninguém teria permissão de sair ou entrar do prédio.

    O site oficial da Maratona afirmou que foram duas bombas, mas a polícia ainda não havia confirmado a informação.

    O canadense Mike Mitchell, de Vancouver, um atleta que terminou a maratona disse que estava olhando para trás na linha de chegada e viu uma “explosão enorme”.

    A fumaça subiu 15 metros, disse Mitchell. As pessoas começaram a correr e gritar após ouvirem o barulho, acrescentou.

    “Todo mundo está assustado”, disse Mitchell.

    Terceira explosão

    A polícia também informou que uma terceira explosão atingiu a Biblioteca e Museu Presidencial JFK, também em Boston.

    Rachel Day, porta-voz da biblioteca, disse que houve um incêndio no local, mas sem feridos.

    A polícia afirmou  que esta explosão não estava relacionada com as ocorridas na maratona.

    Ed Harris, comissário de polícia, disse que não havia nenhuma ameaça anterior aos incidentes.

    Os policiais também pediram que a população não se reúna em grupos e que procure se manter em suas casas.

    Nova York em alerta

    O Departamento de Polícia de Nova York aumentou a segurança nos principais marcos turísticos de Manhattan, incluindo áreas próximas de importantes hotéis, em resposta ao incidente em Boston, disse o vice-comissário da polícia local, Paul Browne.

    Browne afirmou à Reuters que a polícia de Nova York estava enviando veículos de contra-terrorismo para toda a cidade.

    Capital

    A polícia da capital, Washington, também aumentou o nível de segurança. Um cordão de isolamento foi posto em frente à Casa Branca, residência oficial do presidente.


  • Um cordão de isolamento foi posto em frente à Casa Branca, residência oficial do presidente em Washington, depois das explosões na Maratona de Boston. (Foto: Mladen Antonov/AFP)Um cordão de isolamento foi posto em frente à Casa Branca, residência oficial do presidente em Washington, depois das explosões na Maratona de Boston. (Foto: Mladen Antonov/AFP)

    Obama

    A Casa Branca informou que Barack Obama foi informado sobre as explosões e que ele ordenou que o governo dê todo o auxílio necessário às investigações.

    Obama foi informado sobre o incidente por Lisa Monaco, conselheira de Segurança Interna, por Bob Mueller, diretor do FBI e por outros funcionários.

    Ele ofereceu ao prefeito de Boston, Tom Menino, e ao governador de Massachusetts, Deval Patrick, todo o apoio necessário.

    Obama deve falar à nação sobre as explosões às 19h10 de Brasília, segundo a Casa Branca.

23 minutos atrás

Ditadura partidária abortou reforma política

por Betho Flávio
 

 

Cesar Fonseca

KKKKKKKKKKKKKKKKKK

Os dois líderes do PMDB, que comandam o Congresso, revelaram-se incapazes para coordenar a reforma política, evidenciando que o maior partido do país não dispõe de cacife suficiente para renovar o quadro político nacional, justamente, porque representa o repositório de comandos ditatoriais, conservadores, resistentes à democratização do poder. Vão, por isso mesmo, se tranformando em coveiros da democracia representativa. Desse mato não sai coelho.

Se o povo brasileiro

quiser construir

Por que a reforma política, mais uma vez, empacou?

Porque os grandes partidos preferem que o universo partidário, pulverizado em pequenas agremiações, continue, extremamente, dividido, a fim de que eles, os mais fortes, mantenham-se em suas fortalezas, distribuindo as cartas, conforme as regras que eles mesmos estabelecem.

Dividir os adversários, mantendo-os indispostos entre si, é o melhor negócio para os grandes, que, dessa forma, eternizam-se como elites, fazendo seu jogo conservador essencial, voltado à permanência do status quo, é claro.

Se, por exemplo, fosse aprovada a reforma, que enxugasse o universo partidário, composto por 30 partidos(PMDB, PT, PDT, DEM, PTB, PC do B, PSB, PSDB, PTC, PSC, PMN, PRP, PPS, PV, PT do B, PRTB, PP, PSTU, PCB, PHS, PSDC, PCO, PTN, PSL, PRB, PSOL, PR, PSD, PPL, PEN), de modo a organizá-lo em três, no máximo, quatro partidos, com a aprovação, no Congresso, de eleições prévias obrigatórias, nacionais e simultâneas, como foi aprovado, na Argentina, em 2009, o que poderia acontecer?

Todas as controvérsias que hoje se pulverizam entre 30 agremiações partidárias, produzindo, consequentemente, 30 ou mais ministérios, para acomodar o espúrio governo de coalizão, capaz de garantir governabilidade, eternamente, provisória e, por isso mesmo, corrupta, dados os choques de interesses inevitáveis, concentrar-se-iam em novo universo partidário mais restrito.

O resultado, certamente, seriam incômodos crescentes e explosivos para as elites, que, hoje, dominam os grandes partidos.

KKKKKKKKKKKKKKKK

O relator da reforma não conseguiu o aval suficiente sequer do seu partido , o PT, para dar curso às suas idéias conservadoras, de renovar o panorama político mediante reforma administrada pelas próprias cúpulas partidárias. Um fiasco.

novo sistema político

eleitoral que elimine

A luta intestina no interior dos grandes, desde que neles se acomodassem, mal e porcamente, aqueles que se transmigrassem das legendas pequenas, extintas por eventual reforma, ganharia dimensão extraordinária no cenário federativo, cujas consequências seriam detonações gerais de velhas lideranças para dar lugar às novas.

O botim teria que ser dividido por mais gente e não restritamente como é a regra atual.

Qual a velha liderança, dentro do PMDB, que manda no Congresso, na atual legislatura, veria com simpatia, e não horror, tal reforma?

O PT, que, historicamente, se organiza a partir de São Paulo, com sua lideranças dando palpites errados na articulação de ações político eleitorais, de forma estabanada, como aconteceu na última eleição municipal, em Recife, quando foi aberta brecha para emergência da liderança do governador Eduardo Campos,do PSD, maior favorecido com o racha petista, aceitaria ser desbancado, no contexto de reforma política liberalizante, em favor da descentralização do comando partidário?

E o PSDB, que, ainda, não consegue se entender por intermédio das suas lideranças nos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas Gerais, não está demonstrando, assim como o PT e o PMDB, resistente aos ares renovadores da reforma política, se essa fosse para valer, com o intuíto de oxigenar a democratização partidária no Brasil?

O presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves(PMDB), que assumiu o cargo despejando verborragia segundo a qual sob seu comando a reforma sairia, de um jeito ou de outro, teve que engolir sua frustração, porque a aprovação da mesma, na linha da renovação, marcaria o fim da sua própria hegemonia dentro do partido, construída na base dos trocas-trocas de interesses corporativos etc.

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Cristina Kirchner, diante da derrota política parlamentar, teve que correr contra o prejuízo, para não ser refém de minoria no Congresso. A derrota, afinal, revelou um bem para a democracia portenha e sul-americana. Dilma não corre o risco da colega argentina, porque por aqui os tempos eleitorais são outros, mas pode caminhar para um impasse, se a crise econõmica atropelar seu governo, sendo obrigada a agilizar uma reforma para entregar anéis a fim de náo perder os dedos, em meio à escalada inflacionária especulativa.

os velhos vícios do

corporativismo

oligarquíco, mantido

Como ele, o senador Renan Calheiros(PMDB-AL), presidente do Congresso, mostrou-se pequeno demais para a grande tarefa reclamada pela sociedade em favor da ampla oxigenação política para democratizar o comando do poder político nacional, retirando-o das mãos das velhas oligarquias, predispostas às acomodações de todo o tipo, desde que permaneçam grudadas no poder.

O deputado Henrique Fontana(PT-RS), relator da reforma, tinha como propósito principal acabar com as coligações partidárias e instituir o financiamento público de campanha.

Extintas aquelas, estariam abertas possibilidades para o enxugamento do universo partidário.

Sozinhas, na disputa eleitoral, as agremiações menores encontrariam dificuldades para cumprir as regras eleitorais de quorum mínimo para obter representação no parlamento.

Não teriam o grande triunfo que as coligações lhes proporcionam, o tempo de televisão, para barganhá-lo a peso de ouro, quando os programas partidários, invariavelmente, inconsistentes, furados, são apresentados aos eleitores e eleitoras, que neles não acreditam.

O armazém corrupto de secos e molhados, que expressa a existência concreta dos pequenos partidos, quase todos fisiológicos, entraria em bancarrota.

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Curiosamente, José Serra, embora demonizado pelos petistas, está ganhando consciência dentro do PT, com sua proposta de voto distrital, já aceita em parte pelos comandados de Lula, visto que o sistema político eleitoral em vigor entrou em estresse total depois do mensalão, não mais absorvido pela sociedade. Esta se adiantou à moralização dos costumes, com a lei da ficha limpa, para lá do conservadorismo predominante no Congresso, à direita e à esquerda.

para sustentar elites

conservadoras, resistentes

à democratização

Onde se alojariam seus remanescentes, senão nos grandes partidos, para neles tentarem amalgamar-se, de um jeito ou de outro, tensionando as posições consolidadas das velhas elites?

A base expurgada pressionaria o topo.

Já o financiamento de campanha, conforme a reforma proposta por Fontana, representaria não mais que uma fajuta modernização do coronelismo partidário dos velhos tempos.

As cúpulas dos partidos escolheriam aqueles que disputariam eleições e, consequentemente, os eleitos para receberem os financiamentos com dinheiro do contribuinte.

A reforma política proposta pelo relator petista passa longe da verdadeira democratização partidária.

Esta teria que contemplar, em primeiríssimo lugar, consulta à comunidade, como árbitra soberana da escolha dos candidatos que iriam disputar as eleições por meio de prévias eleitorais, em vez de os escolhidos serem puxados de dentro das cartolas dos integrantes das cúpulas.

Aí, sim, os contemplados pelo poder comunitário adquiririam o direito natural de serem  financiados com o dinheiro público.

Antes de cumprido esse pressuposto, soltar dinheiro do tesouro na mão de quem ainda não tem o aval da comunidade, seria o mesmo que amarrar cachorro com linguiça.

Ou não?

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Aécio Neves teria todas as condições de pontificar-se como o renovador dos costumes políticos, propondo projeto de lei para institucionalizar as prévias eleitorais nacionais, obrigatórias e simultâneas, como aconteceu na Argentina, para o poder político se democratizar, radicalmente, com o avanço do poder comunitário. Prisioneiro dos interesses do grande capital, no entanto, fica marcando passo, sem dispor de idéias renovadoras, que o colocariam na história do parlamento. Tremendo conservador, vestido de renovador. Idéia velha de roupa nova.

do poder, à renovação

dos costumes e à

formação de novas

Emerge pergunta fundamental: interessa a quem está no comando do poder alguma reforma partidária, por mais insignificante que seja, se ela contraria os que estão mandando e desmandando no topo de um governo centralizador, que administra o país mediante edição de medidas provisórias?

O exemplo do que ocorreu na Argentina demonstra que o poder aceita o jogo da reforma partidária, desde que ele esteja por baixo, diante da certeza da perda da sua própria força.

Foi o que aconteceu no segundo semestre de 2009.

Cristina Kirchner havia perdido as eleições parlamentares naquele ano.

Teria que governar, a partir de 2010, com minoria no Congresso.

Diante da derrota eleitoral e da certeza de que estaria encurralada pela oposição na legislatura seguinte, partiu para as reformas político-eleitorais, com a base política que ainda lhe favorecia, em 2009, antes que assumisse a que lhe barraria o poder, a partir de 2010.

Essencialmente, a reforma político eleitoral argentina se assenta na aprovação das PRÉVIAS ELEITORAIS, NACIONAIS, OBRIGATÓRIAS E SIMULTÂNEAS, realizadas três meses antes das eleições gerais.

Na prática, o poder migra para as comunidades, para os distritos.

Se o ou a candidata a um cargo eletivo passa pelas prévias, certamente, já pode considerar-se ficha limpa, porque ficha suja não passa.

Foi a maneira que, inteligentemente, os hermanos encontraram para oxigenar o processo político, democratizando-o, amplamente, moralizando a representação, que passa a ter compromisso com o distrito e não com quem financia, a peso de ouro, o processo eleitoral, como ocorre, por exemplo, no Brasil.

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Genoíno, expressão genuína do PT, desceu do pedestal da arrogância, depois do episódio do mensalão, que poderá levá-lo para a cadeia, para admitir que seu partido precisa ter mais humildade e buscar a renovação política, valorizando o voto distrital misto, ainda, demonizado pelos petistas, para que o PT não caminhe para onde está indo, ou seja, para uma ditadura partidária, em que os candidatos são escolhidos no dedaço pelos caciques, a fim de disputar eleições, rachando suas bases, como aconteceu em Pernambuco, abrindo chances para os adversarios, por puro sectarismo autoritário.

lideranças, terá que

se mobilizar como

se mobilizou

Lição fundamental da reforma política argentina: a derrota eleitoral nem sempre é um mal.

Foi por meio dela que Cristina abriu espaço para conquistar seu segundo mandato.

Teria sido possível implementar a reforma, se a presidenta portenha tivesse vencido as eleições parlamentares em 2009?

O poder não se mexe para ser derrotado por si mesmo, mas se a derrota lhe é imposta e abre perspectiva de mudança, aí, sim, ele sai do marasmo e a reforma pode ser realizada, como foi na Argentina, dadas as circunstâncias do momento.

Mutatis mutantis, no Brasil, a reforma sairia, se, nas eleições de 2014, o governo petista-peemedebista, embora ganhasse a disputa para o Planalto, perdesse a maioria, no Congresso, para a oposição?

As prévias eleitorais, obrigatórias, simultâneas e nacionais, por aqui, poderiam, também, ser aprovadas, no segundo semestre de 2014, para que o governo Dilma, se reeleito, não tivesse que viver de mãos amarradas pela oposição majoritária no parlamento a partir de 2015.

Ou seja, hipóteses, hipóteses, hipóteses.

O fato é que esse pressuposto essencial do processo democrático, as prévias eleitorais, não está institucionalizado.

Constam elas, apenas, de programas partidários, aliás, nunca cumpridos.

No PT, Lula, o maior líder do partido, não cumpriu-os.

Escolheu a presidenta Dilma no dedaço, em meio à perplexidade petista em sua variedade ideológica.

No PMDB, alguém já ouviu falar em prévias?

No PSDB, o maior partido de oposição, a coisa funciona, igual.

Aécio Neves, na última campanha presidencial, defendeu, dentro do tucanato, as prévias.

José Serra mexeu com os pauzinhos e não deixou que elas acontecessem, embora estejam inscritas no programa partidário tucano.

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

A crise financeira mundial que tirou a hegemonia econômica dos Estados Unidos no mundo colocou, também, o sistema político partidário numa situação de impasse, para contornar os violentos problemas econômicos, decorrentes do endividamento excessivo do estado industrial militar norte-americano. A democracia de Tio Sam balança entre atender os falcões da guerra e os financista de Wall Street, de um lado, e as demandas sociais, de outro, ameaçadas, ambas as partes, pelo dólar desvalorizado, que, embora, alimente esperanças para o aumento das exportações, cria temores mórbidos sobre a capacidade americana de continuar jogando moeda sem lastro, podre, na circulação global, onde os parceiros dos Estados Unidos já procuram outras formas monetárias, para manter as relações de trocas globais, para além do descrédito do dólar. Nesse ambiente, o sistema político, praticamente, bipartidário, balança,violentamente, ao sabor da falta de consenso político, para coordenar os conflitos de classe dentro do império que vai se revelando gigante com pés de barro, se a democracia do dinheiro prevalecer sob a democracia social.

para materializar a lei

da ficha limpa, impondo

aos congressistas, de

Ressalte-se, no entanto, que tem sido Serra o proponente mais proeminente do voto distrital como alternativa fundamental para a reforma político eleitoral, sob argumento de que o poder tem que sair dos distritos eleitorais.

Os petistas têm dito que essa alternativa seria a mais adequada para garantir o poder nas mãos dos que são financiados pelos banqueiros, pois estes poderiam comprar os votos nos distritos a preço de ocasião, como faziam os coronéis da velha guarda.

Mas, recentemente, em encontro com os petistas, para discutir o assunto, o deputaod José Genoíno, condenado pelo STF por participar do episódio do mensalão, pregou humildade aos correligionários.

Ressaltou que, em algum momento, será fundamental optar pelo voto distrital, não o distrital puro, mas misto, acompanhado do voto proporcional.

Ou seja, José Serra, o excomungado tucano pelos petistas como privatista inveterado, está, aos poucos, sendo absorvido pelo PT em relação à defesa da tese favorável ao voto distrital.

O poder está ou não no distrito, no município, onde o compromisso representativo tem que ser autenticamente validado?

Tucanos e petistas caminham, nesse sentido, para um consenso.

Até agora, porém, nem o PT nem o PSDB nem o PMDB partiram para a defesa da institucionalização das prévias, como o pontapé fundamental da reforma política, que conferiria ao poder comunitário o pressuposto básico da moralização do poder político eleitoral.

KKKKKKKKKKKKKKKKK

Lacerda, em “Depoimento”, Ed. Nova Fronteira, 1967, um mês antes de morrer, disse, em longa e sensacional entrevista a sete repórteres do Estado de São Paulo, que, no Brasil, esperar que haja reforma política por parte de quem se encontra no poder é achar que existe papai noel. Ninguém, disse, dá tiro no próprio pé, para não poder mais exercitar o comando que dispõe pelas regras que o favorecem. No Brasil, o PMDB, sob o comando do poderoso Ulisses Guimarães, condutor da Constituinte de 1988, não seguiu as observações do genial político udenista, golpista, para renovar os costumes políticos, abastardados, totalmente, pelo regime militar, durante 20 anos, cujas sequelas mais terríveis foram as de eliminarem os processos de formação de autênticas lideranças. Estes foram obstaculizados por novas regras conservadoras que se eternizam ao longo da história da Nova República.

fora para dentro do

parlamento, a vontade

popular, alí colocada, sempre,

em segundo plano.

Ninguém ousa encaminhar projeto de lei nessa linha.

Fica a coisa funcionando apenas como discurso da boca para fora.

Enquanto isso, as contradições decorrentes das ações inconstantes dos governos de coalizão vão  acumulando distorções que inviabilizam o processo democrático representativo, no médio e longo prazo, sujeito às crises periódicas, que podem tornar-se explosivas em tempos de bancarrotas financeiras dos estados endividados sob o domínio de modelos monetários, (des)organizados, sistematicamente, pelo processo financeiro especulativo que ultrapassa, comumente, o poder dos governos, incapazes de agirem em meio às anarquias econômicas.

A crise mundial está ai, deixando o continente europeu em paralisia anárquica, sinalizando possíveis tensões revolucionárias, quando se tornam incompatíveis os interesses de classe, como ocorreu, recentemente, no Chipre, podendo o processo espalhar para países europeus em bancarrota financeira total, como Itália, Irlanda, Espanha, Portugal e até França.

A crise detonada em 2007-2008, como se vê, claramente, no maior e mais poderoso país capitalista, os Estados Unidos, paralisou o processo político, em meio às polaridades radicais que tomaram conta dos dois principais partidos nacionais, o Republicano e o Democrata, sinalizando ingovernabilidade na democracia de Tio Sam, porque ambos não se entendem sobre o que fazer com o Estado excessivamente endividado, que virou caloteiro sistemático, configurando situação explosiva que coloca em risco a democracia etc.

Muito mais complicada pode ficar a coisa em um país como o Brasil em que a democracia é apenas de fachada, podendo, na hora em que houver colapso financeiro mais estridente, produzir tremendo estouro de boiada.

2 horas atrás

Audácia: EUA pedem recontagem dos votos na Venezuela

por Betho Flávio
 

O perdedor é um boneco do império, faz parte de uma engrenagem golpista que tenta usar o motivo da recontagem dos votos para provocar tensão no país e uma futura intervenção dos EUA.  A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo, daí o interesse da mídia petroleira em espalhar boatos causando distúrbios e preparando terreno para uma uma guerra civil. Assim foi no Iraque, Lìbia, Síria…

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Venezuela outra vez em transe; oposicionista Henrique Capriles convoca três dias de protestos nas ruas para exigir recontagem de votos; vitorioso Nicolás Maduro chama comício da vitória; em Washington, porta-voz da Casa Branca não reconhece resultado; Jay Carey diz que decisão definitiva, agora, seria “inconsistente”; manifestação oficial foi a de que recontagem de votos “parece ser um passo importante, prudente e necessário”; OEA também quer nova contagem; derrota do opositor Capriles se deu oficialmente por menos de 250 mil votos; “Sem uma auditoria de tudo, ele será um presidente ilegítimo”, disse ele sobre Maduro

 

247 _ Os Estados Unidos entraram no jogo de pressão para que haja uma recontagem dos votos na eleição presidencial da Venezuela, realizada domingo, que terminou em vitória apertada do candidato chavista Nicolás Maduro sobre o oposicionista Henrique Capriles. Uma nova conferência dos votos, como pedem Capriles e seus correligionários, “parece ser um passo importante, prudente e necessário para assegurar que todos os venezuelanos tenham confiança nos resultados”, disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, manifestando a posição oficial do governo americano nesta segunda-feira 15.

Para Carney, o resultado, sem uma recontagem, é “incosistente”. De acordo com os números oficiais, Maduro bateu Capriles por menos de 250 mil votos, conseguindo 50,75% contra 48,98% do opositor de direita. Esse resultado foi alcançado com 99,2% dos votos apurados.

Em entrevista coletiva, Carney evitou dar o reconhecimento do governo de Barack Obama à vitória de Maduro. Ele apenas felicitou a população venezuelana pelo processo eleitoral, que teve abstenção de cerca de 20%. A recontagem de votos na Venezuela pode ser feita por meio de sufrágios em papel, que foram depositados pelos eleitores em seguida ao voto eletrônico.

Mais cedo, o candidato opositor Henrique Capriles disse que rival Nicolás Maduro será um presidente ilegítimo se não houver recontagem dos votos.  “O povo venezuelano tem direito de auditar as eleições e conhecer a verdade. Até que não se conte cada voto, auditoria de tudo, há um presidente ilegítimo”.

Nesta segunda, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, defendeu a recontagem dos votos e colocou à disposição uma equipe de especialistas eleitorais para ajudar no processo.

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Quem são os EUA para pedirem recontagem de votos?

George Bush, uma fraude no poder

 

George W. Bush chegou ao governo dos EUA graças a uma escandalosa fraude nas eleições presidenciais de novembro de 2000. Não é para menos que o cineasta Michael Moore, um de seus mais ácidos críticos, sempre o trata como “presidente” (entre aspas) ladrão! Pelo seu espantoso currículo – de estudante preso por embriagues e porte de cocaína; de empresário que levou à falência três empresas do ramo de petróleo; de político demagogo vinculado ao fanatismo religioso e aos grupos racistas; e de um homem de idéias radicalmente conservadoras e obscurantistas –, Bush nunca teria condições de chegar ao poder central da maior potência do planeta. Mas nos EUA, uma nação imperialista e ensimesmada, tudo é possível!

A eleição de 2000 se constituiu numa das maiores fraudes da história deste país, tornando-se motivo de galhofa no mundo inteiro. Apesar de ter recebido 539.898 votos populares a menos do que seu adversário, o democrata Al Gore, Bush foi beneficiado por uma vergonhosa sentença da Suprema Corte, que decidiu, por cinco votos a quatro, validar a irregular apuração na Flórida. Esta apuração, que se arrastou por quase 40 dias, foi coordenada pela secretária de Estado Katherine Harris, que, por coincidência, também era a co-presidente do comitê da campanha do Partido Republicano no Estado, por acaso governado pelo irmão Jeb Bush. Até hoje, muitos estadunidenses encaram a primeira eleição de Bush como um golpe de estado.

O “expurgo ético” na Flórida

Ao contrário do que alardeia a mídia hegemônica pelo mundo, as eleições nos EUA não são um exemplo de democracia e nunca foram um primor de honestidade. O presidente da “pátria da liberdade” é eleito de forma indireta num Colégio Eleitoral no qual nem sempre prevalece o resultado da votação popular – o que já ocorreu quatro vezes na história, inclusive na vitória de Bush. As regras aplicadas neste intrincado sistema eleitoral são excludentes e casuísticas, servindo ao governante de plantão. O venezuelano Hugo Chávez, que a mídia venal gosta de chamar de autoritário, mas que já venceu oito eleições diretas, é outro que sempre solicita ironicamente a intervenção da ONU “contra as fraudes nesta republiqueta ditatorial”.

Na eleição de 2000, as regras para escolher os delegados da Flórida no Colégio Eleitoral foram alteradas pouco antes do pleito. A reforma aprovada no Estado excluiu milhares de eleitores da lista de votantes, na maioria de negros. O racismo nos EUA já é uma chaga bastante conhecida. No país inteiro, 1,4 milhão de negros – 13% da população masculina negra – não pode votar por ter sofrido algum tipo de perseguição judicial. Katherine Harris agravou ainda mais esta discriminação, efetuando o que ficou conhecido como “expurgo ético”. Além dos milhares dos já excluídos nas eleições passadas, ela retirou da lista de votantes outras 58 mil pessoas, entre as quais estavam muitos ex-processados por meras infrações de trânsito.

 

 

Com este golpe, a esposa de Jeb Bush, que já foi detida por agentes da imigração ao tentar contrabandear US$ 19 mil em jóias, pode votar; mas 31% de todos os negros da Flórida não tiveram este mesmo direito democrático. Somente em Miami-Dade, maior condado da Flórida, 66% dos excluídos eram negros. Essa decisão prejudicou enormemente o candidato democrata, que teve 90% dos votos dos negros, dos poucos que puderam exercer este direito, no pleito de 7 de novembro de 2000, segundo os institutos de pesquisa.

Além do “expurgo ético”, ocorreram outras irregularidades, como a da “lista dos ausentes”, que valida o voto por correspondência proveniente do exterior. A maioria dos beneficiários desta regra é composta de militares em serviço, que geralmente são simpatizantes dos republicanos. Caso estes votos não fossem computados a diferença entre os dois candidatos na Flórida seria de apenas sete votos a favor de Bush – e não de 537. Até a cédula eleitoral impressa no Estado, batizada de “cédula borboleta”, foi desenhada por uma republicana, a projetista Theresa LePore, que procurou confundir os eleitores. Segundo o jornal Palm Beach Post, mais de 3 mil eleitores, na maioria idosos, foram induzidos ao erro com esta tramóia.

Suprema Corte dos Republicanos

Cálculos parciais indicam que 87 mil votos foram roubados do democrata Al Gore em decorrência destas irregularidades nas listas de votantes – 162 vezes a mais do que a suposta margem de vitória de Bush na Flórida. Mesmo assim, a Suprema Corte dos EUA decidiu validar a vergonhosa fraude. Quatro dos juízes que votaram a favor desta roubalheira tinham nobres motivos políticos. Sandra O’Connor foi indicada por Ronald Reagan; já Willian Rehnquist foi bancado por Richard Nixon. Como republicanos de carteirinha, e já na casa dos setenta anos, eles almejavam por uma aposentadoria segura num governo republicano.

Já a esposa do juiz Thomaz Lamp trabalhava na Fundação Heritage, um dos principais centros de estudos dos conservadores na capital federal e fora contratada por Bush, pouco antes da eleição, para ajudar a recrutar pessoas para seu iminente governo. Já Eugene Scalia, filho do juiz Antonin Scalia, era advogado do escritório Gibson, Dunn & Crutcher, exatamente o escritório de advocacia que representa George Bush perante a Suprema Corte. Foi este juiz que deu a explicação mais estapafúrdia para seu voto no plenário: “A contagem de votos de legalidade questionável ameaça causar danos irreparáveis ao requerente [Bush] e ao país ao lançar uma mancha sobre o que ele alega ser a legitimidade da sua eleição”.

Na posse, o “viva o ladrão”

Em decorrência da roubalheira, Bush venceu as eleições de novembro de 2000 somente na Flórida, que é governada por seu irmão e detém 25 votos no Colégio Eleitoral. No restante do país, o democrata Al Gore ficou à frente do republicano tanto na votação popular (539.898 votos a mais), como no próprio Colégio (267 contra 246). Nem mesmo no Texas, então governada por Bush, o expurgo da lista de votantes de 66 mil ex-presidiários, garantiu a sua vitória. Mas no autoritário sistema eleitoral dos EUA, os 537 votos de Bush na Flórida valem mais do que 539.898 de diferença de Gore na votação popular. Baita democracia!

Questionado pelo resultado fraudulento da eleição e conhecido por sua sinistra biografia, George W. Bush tomou posse, em 20 de janeiro de 2001, totalmente desacreditado. A sua limusine blindada não conseguiu abafar os gritos de “viva o ladrão” de mais de 20 mil manifestantes presentes nas ruas de Washington. Ele sequer teve coragem de percorrer a pé os últimos quatro quarteirões antes de chegar ao Capitólio – o que já é tradição no país. Acuado, o início da sua gestão foi marcado pela completa inércia. Nos primeiros seis meses de governo, Bush visitou sete vezes seu rancho no Texas, num total de 54 dias de férias, passou 38 dias na residência de verão Camp Davis e mais quatro dias na casa de praia da família em Kenebunkport.

A salvação do “bobo incompetente”

O desgaste de sua imagem alimentou o humor de inúmeros chargistas e foi motivo de gozação em alguns programas de televisão, como no talk show de Dave Letterman, na CBS. Eles retratavam o novo ocupante da Casa Branca como um “preguiçoso”, um “bobo incompetente” e até como o boneco de ventríloquo do seu vice, Dick Cheney. Os jornais registraram que, até agosto, Bush passou quase metade do mandato de férias. Alguns humoristas insinuaram que “o presidente continuava sendo o mesmo garoto indolente que, na faculdade, preferia a baderna e o álcool (ou coisa mais forte) aos estudos”. Até entre os republicanos surgiram críticas a sua total inépcia; alguns chegaram a insinuar a possibilidade do impeachment.

George W. Bush também gerou fortes desconfianças no mundo. Num gesto abrupto, seu governo retirou o apoio ao Tribunal Criminal Internacional, assinado pelo antecessor Bill Clinton. Pouco depois, anunciou a sua recusa em assinar o Protocolo de Kyoto, sobre controle dos gases poluentes, e investiu contra Robert Watson, presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, por pressão direta, segundo memorando vazado na imprensa, de uma das financiadoras de sua campanha, a Exxon. Ainda abandonou o tratado dos mísseis antibalísticos (ABM), voltou atrás na política de dez anos de eliminação das minas terrestres e iniciou a sabotagem ao tratado de proibição dos testes nucleares (CTBT). Ficou patente a sua visão militarista e seu unilateralismo na condução da política externa, o que gerou temores no mundo.

Somente após os suspeitos atentados de 11 de setembro de 2001 é que George W. Bush tomou posse, de fato, na presidência dos EUA. Como afirma o jornalista Argemiro Ferreiro, no excelente livro “O império contra-ataca”, eles ressuscitaram o isolado presidente. “O ex-executivo sem qualificações para dirigir empresas de petróleo de pequeno porte, derrotado na votação popular do país por mais de meio milhão de votos, mas beneficiado pela decisão político-partidária de cinco juízes da Suprema Corte, tornou-se, da noite para o dia – graças às falhas de seu governo, que permitiram o êxito de uma operação terrorista impossível – no mais integro, competente e patriota dos governantes e líderes que a história já conheceu”.

Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “Venezuela: originalidade e ousadia” (Editora Anita Garibaldi, 3ª edição).

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